Predominância Estrogênica: Análise e Reflexão, isso existe?

Primeiramente, ao pesquisar essa suposta condição em bases de dados e referências reconhecidas e confiáveis, não encontramos nada de forma precisa. Ao rebuscar “livremente” na internet, a maior parte das referências relacionadas a essa condição vem de sites de fontes questionáveis, blogs sem qualquer evidência, textos sem bibliografia ou relacionados a medicina autointitulada “alternativa” ou “natural”, que tem sempre como base plausibilidades biológicas e hipóteses fisiológicas sem qualquer consistência científica e clínica.

Vamos além: Nos últimos congressos globalmente reconhecidos na área de Ginecologia, incluindo o último Congresso Mundial de Ginecologia Endócrina que ocorreu em maio de 2024 na Itália (e contou com a participação e relato do professor Edson Ferreira), essa condição sequer foi citada… Realidade que não só reforça a natureza minimamente “obscura” deste termo como o transforma em “enigmático/fantasioso” no cenário científico contemporâneo. (apesar de ser contrariamente veiculado como “de vanguarda “ ou “moderno”).

Entre os “estudiosos” que difundem essa condição, há claramente a exposição de vias hormonais, fisiopatologias e mecanismos altamente complexos travestidos de simplórios e personalizados para justificar ou dar sentido à sua resistência, mas sem ter qualquer definição clara ou critérios diagnósticos estabelecidos. Além disso, a suspeita desta condição, frequentemente fundamentada na solicitação e interpretação de dosagens hormonais e não-hormonais, é certamente superficial ao ignorar toda a real complexidade dos níveis e interações hormonais nos diversos contextos clínicos. Esse raciocínio não só leva a conclusões errôneas e “ingênuas” sobre desequilíbrios hormonais, como menospreza a seriedade do assunto (apesar de ser argumentado o oposto).

As condições ginecológicas frequentemente associadas à predominância estrogênica (ex. miomatose, adenomiose, endometriose, mastalgia, condição fibrocística, TPM) são altamente relevantes, frequentes, complexas, multifatoriais (aspectos genéticos, hormonais, ambientais etc.) e já apresentam critérios diagnósticos, intervenções e tratamentos devidamente estudados e validados. Outras opções terapêuticas, atualmente promissoras, assim são porque ainda estão em estudo, não porque simplesmente fazem sentido, como é muitas vezes difundido por alguns defensores da predominância estrogênica. Além disso, englobar essas condições em uma só é desprezar o papel dos especialistas e imputar as pacientes em um vínculo ardiloso.

Outros sintomas a condições frequentemente associadas à predominância estrogênica (como fadiga, irritabilidade, ansiedade, enxaqueca, edema, ganho de peso, alterações de humor) são claramente inespecíficas, altamente prevalentes e que são causados por uma ampla variedade de fatores biopsicossociais. A associação direta desses sintomas a um desequilíbrio hormonal específico não só totalmente questionável e como estigmatiza e torna a paciente vulnerável a medidas e intervenções voláteis, equivocadas, sem evidência de eficácia, segurança ou custo-benefício. A situação é mais grave quando aterrorizam com o risco de neoplasias.

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